domingo, 22 de janeiro de 2012

Inspiração divina

Ontem à noite já deitada, iniciei minha oração para dormir, só que desta vez, algo especial aconteceu. Rezei o meu "Pai Nosso" de uma forma diferente, as palavras foram brotando e eu me senti muito feliz pela inspiração, principalmente porque a simples oração de todos os dias teve um sabor especial. 


Não consegui abaixo reproduzir da mesma forma como aconteceu no momento, mas transcrevo aqui mais ou menos como recordo, porque acredito que o  que vem de Deus é sempre especial e pode ser bom para outros também. Dedico com muito amor minha oração para vocês.

Pai nosso que estais no céu,
Que mesmo tão alto e tão mais cheio de luz, eu sei, não esquece de mim.

santificado seja o vosso Nome,
Para que em minha boca ele seja sempre uma prece e uma luz para meu caminhar.

venha a nós o vosso Reino,
Para que eu nunca esqueça de onde eu vim, quem eu sou e para onde voltarei.

seja feita a vossa vontade,
E que mesmo que eu não entenda o porque, que ela prevalesça por que sei que o Senhor mais do que ninguém, sabe o que é melhor para mim.

assim na terra como no Céu.
Para que todo planeta se renda ao seus ensinamentos de amor e que possamos quem sabe algum dia, realmente viver como irmãos...

O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
Principalmente o pão da alma Senhor, para que a cada dia possamos nos tornar melhores e merecermos seu voto de confiança.

perdoai as nossas ofensas
Perdoa Senhor, porque muitas vezes esquecemos quem somos e de quem somos filhos, blasfemamos, reclamamos e nos perdemos pelo caminho deixando para trás a centelha divina que nos ilumina e nos engrandece para sermos somentes humanos, perdoa Senhor ...

assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
Porque este é o dom mais supremo e o que menos conseguimos por em pratica, ilumina sempre Senhor para que possamos ser maiores que nossos egoísmos, maiores que nossa ira, superiores na mais importante lição deixada: a de amar ao próximo como a nós mesmos. Nos ensine Senhor, o dom do perdão para que mesmo uma só vez na vida,  pelo amor, possamos nos aproximar de Vós.

e não nos deixeis cair em tentação,
Que este mundo que está repleto delas, não seja maior e mais importante para nós do que o Seu amor presente em nosso coração. Não nos deixe sucumbir, nos perder, ilumina Senhor para que nunca deixemos o caminho que traçou para nós que é repleto de luz, amor e verdade.

mas livrai-nos do Mal.
De todos os males, até os que habitam nossa própria alma e coração. Abra nossos olhos Senhor, para que antes de procurar o mal do outro, encontremos os nossos próprios e que sejamos os primeiros a nos modificar e nos fortaleça Senhor porque sendo verdadeiramente bons, certamente, em nosso coração nenhum mal habitará.

Amém.
E que assim seja por todos dias da minha vida...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Muitos bichos, muito trabalho. Nenhum bicho, nenhuma alegria!



Só quem já teve um animal de estimação é que pode entender como é complexa esta relação. Eu por experiência, cheguei a conclusão de que não posso viver esta alegria. Não porque não goste de ter animais pelo contrário, é justamente porque adoro  que isso é tão complicado para mim...

Na infância nossa casa teve um cão de guarda, o saudoso e muito bravo “Ringo” (em homenagem minha aos Beatles), não tínhamos muito contato com ele que ficava sempre preso, pois ele tinha uma missão: guardar a casa. Este foi bem cuidado sempre, mas teve um final infeliz coitado, apesar de ter sido um bom guardião.

Há uns 20 anos atrás eu ganhei um cachorro da raça Whippet de presente do Maurício Machline. Ele criava a raça em um canil afastado de São Paulo e fui lá eu buscar o cão. Trouxemos ele para casa e o cachorro era muito engraçado, magrelo, comprido e todo tímido... Coloquei nele o nome de Lancelote.

Na primeira noite que ele dormiu em casa, com certeza estranhou, imaginem vivia num canil todo espaçoso, gramado e com outros vários cães e ele devia amar sua vidinha de cachorro. O levei para viver num quintal pequeno, de azulejo e num lugar totalmente estranho para ele. Não conhecia as agruras de cuidar de um filhote, comprei a primeira ração que vi na loja e dei para ele.

Ele comeu, claro, tinha fome, mas o resultado da troca de ração foi um desastre. Eu coloquei ele num banheiro da casa do fundo que ficava vazia, com medo dele passar frio, fugir, tranquei a porta e deixei ele lá com a ração e água. No dia seguinte quando amanheceu e eu fui soltar o cão, a vontade que eu tinha era de sumir.

A ração nova deu uma diarreia daquelas no cão e depois ele pisoteou todo o banheiro, estava sujo da cabeça às patas e o banheiro todo lambrecado, inclusive a porta e as paredes! Era uma visão tenebrosa. Na hora eu não sabia o que fazia, se chorava, se lavava o banheiro, se lavava o cachorro ou se corria para nos escondermos da minha mãe.

Ela não queria saber de animais em casa, se visse aquilo certamente poria eu e o infeliz do Lancelote para fora de casa (risos). Hoje é fácil contar, mas na ocasião foi um horror limpar “aquilo” tudo e esconder as provas do crime da minha mãe.

Com o tempo fui percebendo que o cachorro não estava nada, nada feliz, não se adaptou em nossa casa e eu vencida pela apatia dele, resolvi contra minha vontade devolvê-lo. Ainda hoje lembro quando chegamos na porta do canil e ele desceu do carro tão, mas tão feliz, que nem de mim se despediu, entrou latindo igual doido,  abanando o rabo, acho que a alegria de voltar para “casa” foi a única manifestação de alegria que vi do cão nos três meses que fiquei com ele.
Nesta hora tive dó e percebi que ele nunca ia se adaptar, apesar da tristeza, me conformei, claro que temporariamente...

Na verdade em casa, sempre sonhamos com animais de estimação. Minha irmã também teve “suas viagens” um dia ela ganhou um Hamster e ficou toda feliz. Botou ele numa caixa de papelão e também guardou ele protegido neste mesmo banheiro da casa do fundo... Em cima da privada!

Esse coitadinho não teve um final muito feliz igual ao Lance. Roeu a caixa e foi para um derradeiro e fatal mergulho. Morte inglória esta... Nós choramos muito.

Mas como na vida a gente precisa cultivar certas teimosias e insistimos nelas muito tempo, um dia eu andava em plena “Praça da Sé” centro de São Paulo, podem imaginar... E encontrei um senhor vendendo coelhinhos num carrinho de feira.

Claro que como eu não podia deixar passar uma oportunidade dessas, né?! (a falta de bom senso, faz coisa com as pessoas) E assim, não bastasse um, comprei dois, porque afinal eles se fariam companhia ( e olha que eu já era adulta, viu?!)...

Quando cheguei em casa, minha mãe novamente, não gostou nada. Mas eles eram tão fofinhos, lindinhos, ficaram. Com uma semana, já não suportávamos mais o cheiro do xixi e era bolinha pra tudo enquanto é lado. Acabei me dando por vencida e resolvi doar um deles (somente um!) para um casal de amigos que tinham três filhos pequenos (nada melhor que uma família cheia de crianças para cuidar de um coelhinho, não é mesmo??). O coelho foi muito bem recebido e já batizado com o nome de “Antônio Sérgio” (que era o nome de um amigo fofinho que eu tinha no colégio que na hora lembrei e as crianças adoraram).

Bom, a história dos coelhinhos também não teve um final muito feliz, para ambos. O que ficou em casa, minhas irmãs que eram menores na época mataram (sem querer coitadas) de tanto comer. Elas achavam bonitinho o jeito como ele ia engolindo as folhinhas e foram dando almeirão para ele, foram dando, dando até que ele empanzinou e desfaleceu de tanto comer. Acabou morrendo... Uma dó. Fiquei muito brava, mas não teve jeito.

O Antônio Sérgio eu soube que foi muito bem criado e teve uma boa sorte por algum tempo. Cresceu ficou enorme, atendia pelo nome quando chamado, cuidava do quintal da casa da família, virou um “coelho de guarda”, as crianças o adoravam e ele inclusive espantava até os gatos do quintal e fez amizade com o cachorro da família. O problema dele é que como ele era muito bem cuidado, cresceu muito, ficou gordão e começou a chamar a atenção. Um dia acreditam que ele foi muito perto do portão da casa que era baixo e acabaram levando o Antônio Sérgio embora. Que o Deus dos coelhos o tenha em bom lugar. Que ele saiba que nunca foi esquecido, pelo menos por mim...

Bom, se você meu leitor ou leitora, acha que esta história toda desta bicharada está longa e vai acabar, lamento informar, mas ainda tem muito mais.

Depois disso tudo, meu pai mudou de casa, para uma casa enorme, com um quintalzão e já podem imaginar o que aconteceu, apesar da minha mãe não concordar. Daí um mês mais ou menos já contávamos com: chinchilas, periquitos, calopsitas, passarinhos e para completar e terminar esta história com chave de ouro, chegou o Uther. Bom, esse cachorro sozinho já dá uma história...

Essa bicharada toda ficava lá em casa. Os periquitos eram da minha mãe (que se rendeu e achava as aves tão bonitinhas comprou um viveiro bem grande e tinha vários de várias cores). O que ela não percebeu era que viveiro era muito fácil de soltar o telhado e num dia, num ato de total rebeldia, eles conseguiram abrir o telhado e bateram asas. Minha mãe chorou muito coitada... 

A bicharada convivia bem, até que um dia fui passear num aquário que tem próximo a minha casa. O local é um tipo de parque público bem movimentado aos finais de semana e sempre havia um aglomerado de vendedores ambulantes na porta e como não podia deixar de ser sempre haviam alguns periquitos, galinhas, pintinhos, filhotes de gatos e para minha total felicidade, cachorrinhos lindos.

Num Opala com o bagageiro aberto tive uma linda surpresa, no meio de uma ninhada de 9 filhotes pretos havia somente um diferente de olhos verdes e três cores: cinza, preto e branco. Um filhotão de 45 dias, lindo e fofo!

Peguei ele no colo e me encantei com o filhote, mas o moço pediu um valor alto por ele e eu acabei deixando-o lá, com a promessa de que se na saída ele ainda estivesse, eu o compraria...

Acontece que só eu mesma para achar que outras pessoas em sã consciência iam levar um filhote de Dogue Alemão para casa... Mas eu não tinha consciência alguma assim, voltei lépida e fagueira para casa com o filhotão bem criado no banco de trás, me sentindo o máximo com meu mais novo amigo de infância.

Quando cheguei em casa meu pai só olhou o cachorro e perguntou: de que raça ele é? Para engambelar ele, claro respondi: é de Beagle pai! Ele não conhecia raça nenhuma direito, isso me daria uns 30 dias de prazo até o golpe final...

Para quem não sabe um Dogue Alemão pode ficar mais alto que um adulto quando fica de pé, e um Beagle é um cão de porte pequeno que ficou muito conhecido pelo nosso ilustre amigo Snoopy  que é desta raça.

Uns três meses depois certa ocasiãomeu pai ressabiado comentou: esse cachorro não está crescendo demais não? E eu olhei e pensei, céus! Ele não está nem na metade do tamanho... De fato o Uther chegou a ter um dia 80 quilos e de pé ficava mais alto que eu com meus 1,75m de altura.

Depois de um tempo que o Uther já estava com a gente, minha irmã pediu para eu comprar um filhote de Dálmata que ela viu numa loja de animais. Minha mãe novamente foi contrariada e num belo dia a Monalisa veio fazer companhia para o Uther. Era uma farra.

A rotina ficou assim: dois sacos dos gigantes de ração por mês, litros e litros de água, litros e litros de desinfetante. Só pelo tanto de comida, não preciso nem comentar o que acontecia após as refeições.

Aí eram: cães, periquitos, passarinhos, chinchilas e tentamos ter um aquário também, mas não soubemos cuidar direito e os peixes morreram. Acredito que houve algum imprevisto, pois era muito legal ver que toda vez que jogávamos comida eles vinham até a borda comer... Melhor pular esta parte também.

Sei que apesar desta população animal já bem exagerada, um dia apareceu um amigo com outro filhote de Dogue Alemão, cinza de olhos azuis. Eu claro batizei com o nome de “Merlin”, minha mãe não gostou nada nada, meu pai só olhava por cima dos óculos...

Como tudo realmente tem limite e dois Dogues Alemães não podem ocupar o mesmo quintal de uma casa, vencida pelas reclamações de todos, devolvi o Merlin alguns dias depois, mas que fique registrado: também contra minha vontade.

Teve uma outra ocasião também quando a situação ficou muito complicada, pois era muito bicho num lugar só que vencida pelo cansaço até tentei doar a Mona para uma família que morava perto do aeroporto, fui lá levei a cadela e saí de coração partido. Dois dias depois não resisti mais, arrumei uma cesta de vime, voltei até a casa da família e trouxe a Mona de volta.

Foi meio difícil trazer ela para casa de ônibus, tive de ficar pedindo aos motoristas para deixar eu entrar com uma cadela na cesta no veículo (o que é proibido), mas com algum bom coração consegui chegar em casa com ela. O Uther foi quem ficou mais feliz vendo a amiga em casa outra vez... Nós também ficamos.

Meus pais a essas alturas se conformaram. Nós cuidávamos dos cachorros, dos bichos, mas de vez em quando, também sobrava para eles a bagunça, mas éramos uma família feliz e cheia de animais de estimação.

O Uther me causou alguns contratempos e me colocou em situações inusitadas. A essas alturas já era difícil para mim sair com ele, que muito mais forte e pesado, não me obedecia de forma alguma e todo mundo do bairro quando me via na rua com ele, se escondia correndo, pois percebiam que eu não conseguia segurá-lo. Eles não entendiam que ele era grande, mas inofensivo... O seu tamanhão assustava, não tinha jeito. Com meu pai ele não tirava onda, ele se comportava. Era um lorde, alemão claro!
Lembro um dia que muito contrariada entreguei a guia dele para meu pai, que disse que ia passear com ele na rua. Só que esse passeio do meu pai demorou muito, mais de três horas. Já estava até achando que meu pai tinha era "dado cabo" do meu cachorro, quando enfim eles voltaram para casa com uma cara muito estranha...
Meu pai entrou, levou o cachorro para varanda fresca na parte térrea da casa (onde ele não gostava que o Uther ficasse) trouxe água, buscou comida deixou bem perto dele e ficaram os dois lá, meu pai deitado na rede e o Uther com sombra e água fresca. Eu da minha casa observava tudo com muita estranheza me perguntando que tragédia teria ocorrido naquelas horas fora de casa para meu pai estar tão “bonzinho” com o Uther, do qual ele nunca tinha se aproximado mais de um metro.

Quando já não aguentei mais olhar de longe e imaginar coisas desci e perguntei afinal o que tinha ocorrido para tanta demora. Então ele me disse que tinha só sido um passeio mais longo e eu mesmo cismada acreditei. Só que mais ou menos duas horas depois o moço do açougue veio entregar um pacote de três quilos de carne moída, “presente” para o Uther, aí eu surtei!

Meu pai percebeu que não tinha mais como esconder a traquinagem dos dois e resolveu me contar a “insólita aventura canina”.

Acontece que passeando pela rua um senhor viu meu pai com aquele cachorrão e veio perguntar se ele aceitava doar o sangue do pobre do Uther para outro cachorro que estava desenganado num hospital veterinário na Mooca, bairro de São Paulo. O senhor era conhecido, dono da padaria do bairro, meu pai achou tudo meio estranho, mas ao ouvir a explicação sentiu dó do homem e aceitou ir, mas com uma condição: que ele teria de ir de lá mesmo, pois se voltasse em casa para se trocar, certamente eu por medo, não permitiria que o Uther fosse (acho que ele tinha razão mesmo). 

Acreditem se quiser, meu pai entrou numa Kombi com meu cachorro, foram até o hospital. Lá eles colocaram todos os apetrechos e meu Dogue Alemão se mostrou um verdadeiro “membro da Família Corrêa”, doou seu sangue para salvar a vida de outra cadela e mesmo com todo seu tamanhão sequer deu um latido no hospital. Se comportou como um lorde e como recompensa ganhou três quilos de carne moída e dois pacotões de ração do dono da padaria.

Eu fiquei perplexa...

Meu pai disse que no hospital, todos ficaram apaixonados por ele, devido ao seu comportamento tão doce e sua beleza. Ele disse também que teve de ficar o tempo todo apertando a pata dele durante a doação (risos)  e no fim desta história o Uther passou a ser “o amigão do meu pai”.

Como já disse, só este cachorro já dá uma outra história imensa, um dia quem sabe consigo contar. Foram mais de 10 anos que ele ficou em nossa família e muita coisa aconteceu. Esse foi só o começo.
Nunca mais quero outro cachorro, assim o Uther será eterno, não quero esquecer esse bom amigo que tivemos e do qual até hoje me recordo com saudades. 

Com certeza ele deve estar láááá na terra dos cachorros, pois ele merece.