Pois é, a reviravolta drástica que fiz há alguns anos quando
mudei de vida, mudei de cidade emprego, entre outras coisas, me fez enxergar
tantos detalhes que antes passavam desapercebidos ...
Eu vivi tantos anos em São Paulo e antes mesmo de me mudar, deixei
tantas pessoas perdidas para trás, quando eu ainda estava lá, tão perto. Então
me pergunto: por quê será que estas coisas acontecem? Meio estranho pensar
nisso...
Minha cabeça vive povoada de recordações e as pessoas vão
voando pela minha mente num tumulto enorme de sentimentos, tristezas, alegrias,
elas vem e vão, trazendo cada uma sua história, minha história, nossa história.
São tantos amigos, é tanta vida que eu me pergunto: Como
cabem tantas vidas em mim? Com tantas pessoas caminhei, aprendi, vivi, sorri,
briguei, quanto caminhei.
Na infância as crianças da minha rua, aquelas com as quais
cresci, me misturei, nos misturamos em nossas famílias, cada um na sua casa,
todos juntos na mesma história, na mesma brincadeira, no mesmo futuro infinito.
Éramos todos tão pequenos, tão pouco sabíamos do que ia nos acontecer, da
distância que um dia teríamos uns dos outros, o quanto seríamos estranhos, é
uma pena... Uma pena viver sem saber que um dia estaríamos tão longe e haveria tanta saudade.
Na juventude, aquela loucura do viver! De viver tudo, a todo
instante, a cada minuto, o tempo todo, sem pensar, sem preocupar, só viver. São
tantos risos e tantas lágrimas, crescer dói. Aprendemos juntos, que a morte e
vida andavam muito perto. Sofremos, crescemos, vivemos.
Tive amigos e amigas tão especiais, tive tanta sorte nesta
vida...
Às vezes, já disse isso antes... Só algumas vezes, me
esqueço de quem sou, fico brava, brigo com Ele, faço cara feia, choro de raiva.
Quero mais, acho tudo pouco. Quanta ingratidão.
Estudei numa escola privilegiada, repleta de pessoas
criativas, cheias de vida e energia, que não se conformavam com a vida comum,
estudavam e davam cores ao mundo. Artistas.
Fiz tantos amigos nos lugares que trabalhei, conheci tantas
coisas por eles, pelas mãos e pelos carinhos deles, vivi tanto, sonhei tanto,
sorri tanto. Tanto do que sou hoje, devo a tantas pessoas que passaram pela
minha vida, tão sutilmente, tão delicadamente que eu nem percebi... E se foram,
mas deixaram um pouco deles em mim.
Sendo assim, como posso reclamar eu da vida? Me sinto tão
rica em momentos como este, que consigo me despir de mim mesma e passo em
palavras o que tenho em meu coração.
Quantas pessoas que vivem neste mundo, nascem já sozinhas,
vivem suas dores sozinhas e muitas vão morrer também sozinhas.
Eu não... Eu tive muitos
amigos!
Com eles cresci, com eles vivi, com eles parti em busca dos
sonhos. Quisera eu ser recordada por algum deles, em algum momento bom, me
sentiria mais repleta ainda. Então deixo aqui esta frase, muito linda, que descreve bem meu
sentimento hoje, para todos vocês:
“a felicidade aparece para aqueles que reconhecem a
importância das pessoas que passam em sua vida.”