A cada dia que eu vivo, percebo que se não for pelo sofrimento e por muito empenho de pessoas realmente preocupadas com seus
semelhantes, que o mundo não vai mudar.
Ao longo dos anos houveram "progressos", mas muitas outras tristezas de porte e
níveis diferentes surgiram, criando novos desafios para dificultar nossa evolução.
Antigamente usavam-se os termos racismo, xenofobia, ditadura
e autoritarismo. Hoje se fala:
preconceito, bullying, assédio moral, corrupção, perseguição política... Mudam-se o termos, mas os mesmos sofrimentos perduram, percorrendo
quilômetros, tomaram novas formas, proporções agora virtuais e mundiais, parecendo na
verdade que continuamos os mesmos de sempre... Só nos modernizamos na
etimologia.
Jesus para mim foi o maior homem que existiu entre nós, o
maior “marqueteiro” e o maior exemplo de amor que poderíamos ter recebido. Pela
grandiosidade de sua simples existência, deveríamos ter nos tornado muito
melhores do que hoje somos. Porém, em alguns momentos quando olhos nos olhos
dos homens, vejo o quanto eles ignoram o sacrifício que ele fez para nos
mostrar o verdadeiro sentido da vida. Os seres humanos tem medo... Mas não tem
vergonha...
Depois Dele, na história da humanidade inúmeras outras
pessoas trilharam os caminhos de renúncia através de lutas em prol de
maiorias sofridas e desamparadas. Se fizermos um estudo, que não precisa nem
ser profundo, descobriremos que quase 100% dos hoje
considerados "grandes personagens" da nossa história, antes eram pessoas que
por mais boas e engajadas que fossem, não eram reconhecidas, nem respeitadas.
Não foram valorizadas, passaram por humilhações e
sofrimentos diversos e infelizmente, alguns somente após sua morte é que tiveram
seus ”feitos” reconhecidos. Ninguém que fez o BEM, teve “tapete vermelho” para
caminhar, pelo contrário, o caminho das pessoas dedicadas à fazer o bem quase sempre era em meio a espinhos, Jesus que o diga... E Pitágoras também afirma: “Os homens são miseráveis, porque não sabem ver, nem entender os
bens que estão ao seu alcance.”
Madre Tereza de Calcutá, Gandhi, Luther King, Mandela, Irmã
Dulce, Chico Xavier entre outros, foram pessoas maravilhosas
e exemplos fiéis de que "uma pessoa do bem" geralmente é tímida, humilde, não se impõe, é pouco valorizada e
o que é o principal: quase sempre tem (aos nossos olhos) um fim triste, sendo
isso mais um exemplo de como o ser humano é incapaz de enxergar tudo que
realmente tem valor na vida.
Hoje mesmo existe um homem no Brasil, o Ministro Joaquim Barbosa, que está sendo
considerado um herói. Eu particularmente o admiro e também o vejo com estes
olhos, mas olhando friamente ele nada mais é, do que um ser humano que no exercício de sua
profissão tem tomado as atitudes que qualquer outra pessoa ou profissional ético
deveria tomar.
Só que para nós de uma maneira geral, isto é tão incomum que
acabamos por endeusar pessoas que na verdade estão só e unicamente fazendo o que é correto e seu dever. O ministro é
um exemplo sim, de que uma pessoa obstinada, que tendo sólidas raízes e uma bagagem
repleta de princípios e valores, pode chegar onde quer que queira, bastando apenas
dedicação e coragem para persistir nos sonhos e no caminho do BEM. Ele não é um
herói, mas sim um homem de bem... Mais um exemplo a ser seguido.
Falar sobre os Negros, sobre racismo, preconceito hoje já é
algo tão “batido”, tanto se fala, fala, vemos transformações, mas bem lá no fundo
muitos digo, grande parte, carrega ainda um certo negativismo lá “embaixo dos
panos”, escondido claro, para ninguém perceber, mas na verdade carrega...
É muito fácil falar mal dos negros hoje, colocar neles a
culpa pelas tragédias das periferias, acusá-los por mal
comportamento, por serem pobres, se tornarem criminosos e macular “nossa
sociedade”, mas olhando para dentro de nós mesmos, olhando para nossa história veremos
que somos os culpados por grande parte
da infelicidade que até hoje muitos dos nossos
irmãos negros vivem.
Os Africanos foram trazidos para nosso país contra sua vontade, em
condições subumanas, eram forçados a trabalhar em nossas propriedades, realizando
nossos caprichos, sem contar as demais atrocidades pelas quais os fizemos
passar.
Aí em algum momento da história do Brasil algumas poucas “pessoas de bem”
passaram a se mobilizar e a lutar pelo abolicionismo, tentando por fim de uma
vez por todas em nosso país nesta
prática tão odiosa.
Fico me perguntando como pessoas cultas, ricas e informadas
podiam achar “normal” escravizar outros seres humanos, diferentes deles somente
na etnia e na nacionalidade. Com o abolicionismo, chegou ao fim no Brasil uma
escravidão que durou longos 358 anos! Podem imaginar tamanha aberração? Gerações e
gerações sofrendo do dia em que nasceram até a morte, sem que ninguém fizesse nada
por eles...
Finalmente quando foi assinada a Lei Áurea, esta triste
página da nossa história teve fim e chegou o momento de finalmente nós
brasileiros fazermos algo em prol dos nossos irmãos negros, brasileiros como
nós, como agimos? Acho que pior ainda...
Os negros foram jogados para fora das propriedades dos seus "donos", sem
direito a nada, sem apoio algum, relegados a sua própria sorte, passando a
vagar pelas ruas, precisando roubar e mendigar para conseguir viver...
Dessem naquela época, para cada um deles, 100m2
de terra para vermos o que teria acontecido. Nosso país é enorme, eles teriam
trabalhado, o que fizeram por gerações e gerações para os outros, teriam tido como recomeçar suas
vidas de forma digna e honrada, que era merecido após 358 anos de trabalho escravo.
Talvez
hoje não teríamos tantas culpas para
carregar. Porque somos sim, culpados, pela situação muitas vezes desfavoráveis em que
os negros brasileiros estão. Tudo melhorou muito, mas
ainda há muito a melhorar e tenho certeza do que digo, porque se assim não
fosse, não eram necessárias leis, cotas e nenhum outro tipo de mecanismo legal
para garantir direitos aos negros.
Para nos ensinar a viver e nos mostrar o caminho do bem
muitos, sejam negros ou brancos, mulheres e homens foram humilhados
publicamente, ridicularizados, desvalorizados e alguns precisaram entregar as próprias
vidas para somente então serem vistos e ouvidos. Os seres humanos se dizem tão “evoluídos
e modernos”, mas ainda nos dias atuais são incapazes de respeitar questões
éticas mínimas, que fazem parte do nosso dia a dia.
Às vezes apontamos o nosso dedo para o vizinho do lado e não
enxergamos o próprio umbigo, falamos mal de um colega de trabalho e não somos
capazes nós mesmos de nos concentrar e concluir nossas próprias atividades.
Furamos filas, não devolvemos celulares que encontramos na rua, muitos quando
acham dinheiro, nem sequer pensam em procurar o dono. Quem porventura acha e
devolve também é considerado “herói”, quando na verdade nada mais é do alguém
fazendo o que é correto, o que todos nós por conhecimentos, informações e
conduta moral reta, deveríamos fazer... E isso não é ato heroico, mas sim conduta de vida.
É muito triste ver o que ainda somos capazes de “não fazer”,
porque o que somos capazes de fazer é visto facilmente em qualquer esquina. Hoje em dia é muito mais fácil fazer o mal do
que fazer o bem...
A bondade é muito tímida e medrosa, o mau é gigante e
infelizmente corajoso. O poder e o dinheiro dão coragem e intimidam os bons que
permanecem encolhidos e melindrados, com medo do que possa acontecer com suas
vidas já tão combalidas. È o bom e velho "manda quem pode, obedece quem tem juízo."
As pessoas precisam aprender que quem trilha o caminho do
bem, nunca consegue nada com facilidade, pelo contrário, facilidade só existe
para quem busca o caminho mais curto, o da vantagem e da desonestidade, mas ainda que mais difícil: como é bom ser bom! Cito
aqui outra frase de Pitágoras “Anima-te por
teres de suportar as injustiças, pois a verdadeira desgraça consiste em
cometê-las.”
Seja em que circunstância for, ser bom por escolha própria e também aos olhos de Deus
será sempre o melhor caminho, mesmo que ao seu redor, ninguém pense assim...