sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A política nossa de cada dia


“Você é livre para fazer suas escolhas,
mas é prisioneiro das consequências.”

Outro dia li uma manifestação acalorada de uma amiga onde ela suplicava na rede que não lhe enviassem mais propaganda de candidatos, pois ela “odeia política”. Sua colocação tão enérgica me chamou a atenção para este assunto que me interessa, mas do qual evito falar. Não que eu ame política, mas precavida sempre achei melhor ficar na minha, porém ultimamente a vida vem me cobrando novas posturas... Há momentos em que dá para ficar calada...

Conforme o tempo passa e ficamos mais maduros a tendência é olharmos com mais cuidado para “os lados”, um pouco por prudência mesmo, porque nunca se sabe de onde pode vir uma “pedrada”, mas também porque a experiência mostra que na juventude nosso maior anseio é por liberdade, mas quando amadurecemos nosso maior desejo é ter “segurança”.

A vida clama por novos anseios e objetivos, que talvez durante a juventude nem sequer passavam pela nossa cabeça: educação de qualidade para nossos filhos, saúde, segurança pública e tudo isso inevitavelmente acaba atrelado à política.

Aristóteles disse: “o homem é um animal político. Fazemos e vivemos de política o tempo todo. Infelizmente por mais que alguns não agradem muito da ideia a verdade é que precisamos e muito, ser políticos, para viver em família, em nosso prédio, na escola, onde trabalhamos, estamos o tempo todo exercendo a política, esta condição passou a ser quase um caso de sobrevivência, sendo assim, se nós não aprendermos de uma vez por todas a encarar com responsabilidade os papéis (inclusive políticos) na sociedade em que estamos inseridos a tendência é tudo ficar cada vez pior e mais fora de controle.

Hoje passando os olhos pelo Facebook notei um post comentando sobre projetos de alguns vereadores e era inacreditável, entre alguns posso citar: criar o dia nacional do funk, homenagear o jogador de futebol Neymar, criar o dia da independência corinthiana, e por aí vai, nossa situação é tenebrosa... Onde foram parar os projetos de real interesse público e social?

Nós precisamos aprender a amar e a respeitar a política, quase que como alguém da família. Não falo isso da boca para fora para fazer média, o que eu quero dizer é que esta mudança de consciência passa a ser uma questão vital para nós. Se almejamos ter paz, segurança, educação, moradia e justiça para todos, temos de mudar nossa postura em relação à política, abrir nossos olhos e ouvidos e tomarmos o comando da situação. Qual o primeiro passo? Aprendendo a votar.

Usando de forma consciente e digna este importante direito que temos e que tantos fazem pouco caso, direito recebido como um legado da luta que vitimou tantos no passado, mas na maioria das vezes é encarado com muito desrespeito. Muitos jovens de hoje não fazem a menor ideia de que para eles poderem ir às urnas e escolherem seus representantes, ato de cidadania que “detestam”, mas que dependeu também de muitos outros jovens brasileiros que durante a ditadura precisaram dar suas vidas para hoje termos este privilégio.

Fico imaginando se estes “companheiros” lá do céu, hoje olhassem aqui para baixo e vissem nossa postura em relação às eleições, o que eles achariam... Afinal, perderam suas vidas lutando para nós termos direito à democracia e ao voto e este hoje é vendido, trocado por merrecas ou então simplesmente anulado. Afinal, votar prá quê? Né mano!

As pessoas precisam parar de reclamar e compreender que o principal motivo de estarmos atolados até o pescoço nesta lama suja, somos nós mesmos. Somos nós que elegemos nossos representantes, somos nós que votamos e os colocamos lá. Bons ou ruins são nossos escolhidos.

Se não temos infraestrutura adequada, se não temos qualidade na educação, se não temos saúde é porque não votamos direito, a culpa é exclusivamente nossa. Se desejamos mudanças, também serão por nossas mãos que elas terão de acontecer. Por meio da eleição de candidatos comprometidos e com real percepção dos papeis políticos a serem desempenhados a partir do momento em que eles forem eleitos como representantes do povo.
Tudo isso que você vê pela televisão hoje e talvez também “odeia” é fruto das suas escolhas e somente você com sua participação efetiva na vida política da sua comunidade é que poderá mudar isso.

Em época de eleição a cada quatro anos, ligamos a televisão ou o rádio é sempre a mesma ladainha, o atual candidato vai resolver “todos” os problemas da saúde, da educação, das obras e da vida da população. Mesmo ele sendo candidato à reeleição. Antes, ele ia “arrumar a casa”, agora ele vai “edificar o paraíso”. Mas por quê ele não fez isso nos quatro anos anteriores? Eis a resposta padrão: o atual sempre fica quatro anos arrumando o que seu antecessor deixou bagunçado, tudo conversa fiada.

Então minhas amigas, precisamos nos conscientizar e prestar atenção na “conversa prá boi acordar!”. Precisamos sim olhar nossos candidatos com mais cautela e prudência. Analisar suas propostas, seu currículo e seu potencial de trabalho. Para atuar na gestão pública, um vereador ou prefeito precisa ter “conteúdo”, não estou falando de intelecto, mas sim de “conteúdo pessoal”, ideal partidário, valores e convicções.

Um candidato precisa sobretudo ter conhecimento da comunidade que vai representar, manter um diálogo franco, direto com ela, precisa ter consciência profunda da sua missão a desempenhar. Enfim, ele ou ela precisa saber de onde vem e onde quer chegar, o que na maioria das vezes não acontece, pois como dizem lá em São Paulo: “querem pegar o bonde andando e ainda sentar na janelinha”.

É importante deixar de uma vez por todas de lado nossos “bairrismos”, nossa visão muitas vezes provinciana e pequena e jamais votar para eleger este ou aquele candidato, acreditando que num futuro próximo talvez será com este fulano que conseguirei uma oportunidade de emprego para meu marido, meu filho, minha nora ou uns tijolos para minha obra. Busquemos, nós mesmos as oportunidades para construirmos nossa vida pautada pela dignidade e pela democracia limpa, ao invés de tentarmos cavá-las de algum buraco escuro, sem luz.

O bom candidato para ser nosso representante, não é aquele que te beneficiará de alguma forma “em particular”, mas sim aquele que trabalhará de forma honesta e proativa para toda a comunidade da qual fazermos parte. Seja nosso bairro, nossa cidade ou nosso estado.

Outra coisa muito triste que acontece em época de eleições são as desavenças, amigos de toda uma vida passam a ser inimigos, discutem, deixam de se falar, de serem amigos só por divergências políticas. Coisa que além de ser irracional é imoral, pois na política temos de nos unir, a política é feita pelo povo e para o povo, se assim não for, perde o sentido... Na política precisamos ser cooperativos e não competitivos.

Não importa se meu amigo, meu vizinho escolheu outro candidato que não é o que eu escolhi, cada um tem o direito de ter sua preferência e todos têm de respeitar as escolhas políticas do outros. Acuar, pressionar, exigir de alguém a adoção de uma postura com esta ou aquela tendência como uma obrigatoriedade é crime, pois todos têm direito de escolher o candidato que melhor representa a expectativas da sociedade em que está inserido. Qualquer forma de agir diferente disso é errada e vai contra os princípios básicos da democracia em que vivemos. Nós somos livres para escolher nossos candidatos.

Para quem desejar entender, saber mais sobre o assunto existem boas opções de livros, na biblioteca municipal: um manual para candidatos à vereador e também livros sobre política. Inclusive recebemos uma doação oferecida pelo próprio autor, o livro Política para não ser idiota, de Mário Sérgio Cortella. E outra dica: no dia 30 de março publiquei um vídeo muito interessante, também relacionado ao tema, quem quiser conferir acesse: "Sinto vergonha de mim"

Nosso próximo passo? Nunca esquecer: somos responsáveis pelo governo que elegemos e o principal, voto bom é voto consciente!


Um comentário:

  1. Que bacana Sandra,tenho acompanhado seus escritos...parabens ...sabias palavras

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