“Quem acende uma luz é o primeiro a ser iluminado”
Este ano atuei por três meses, na zona rural de Venda Nova,
na localidade do Caxixe, com esta experiência me dei conta do quão importante e
necessária pode ser nossa atuação como profissionais da informação e da leitura.
Confesso que não tem sido fácil o caminho escolhido. Trabalhar em bibliotecas públicas no Brasil muitas vezes é sinônimo de “grandes dificuldades”. Nosso país apesar de já ter dado passos largos nos últimos anos em prol da educação e da formação de leitores, infelizmente não alcançou o patamar desejado e ainda há muito trabalho a fazer.
Confesso que não tem sido fácil o caminho escolhido. Trabalhar em bibliotecas públicas no Brasil muitas vezes é sinônimo de “grandes dificuldades”. Nosso país apesar de já ter dado passos largos nos últimos anos em prol da educação e da formação de leitores, infelizmente não alcançou o patamar desejado e ainda há muito trabalho a fazer.
Do ônibus que me levou para o trabalho, observava paisagens
e ao mesmo tempo, as crianças e professoras. Elas, guerreiras corajosas e
cheias de garra, educadoras com um longo caminho a percorrer em estrada de
terra onde o ônibus as sacudia junto com alunos sorridentes e barulhentos já
sonhando com as primeiras letrinhas escritas.
É muito gratificante ver que apesar de todas as dificuldades,
muitos têm a coragem e o calor na alma que impulsiona para o futuro melhor,
pois estudando, dominando a leitura e a escrita terão oportunidades melhores. Dizem
que o brasileiro “não gosta de ler”, mas eu me pergunto sinceramente: o
brasileiro não gosta de ler ou, o brasileiro não teve durante décadas e décadas
acesso democrático aos livros?
O bibliotecário tem um importante papel a desempenhar como
“agente de transformação”, mas infelizmente a sociedade além de não reconhecer
este profissional, também desconhece seus talentos, sendo comum comentários do
tipo: Precisamos realmente de um Bibliotecário? Para quê ele serve? Nossa!
Existe curso superior de Biblioteconomia?
O antigo mito do “Bibliotecário mal humorado, guardião dos
livros” ainda resiste em muitos lugares do Brasil e faz com
que se tenha uma idéia deturpada da realidade que é a do
profissional atualizado, pró-ativo, eficiente e engajado no processo da
construção de uma nação leitora.
A sociedade precisa se conscientizar da importância das
bibliotecas no processo de ensino e os benefícios que oferece para os que
buscam nela o conhecimento. Os profissionais precisam se reciclar, mudar sua
postura, repensar suas práticas, se tornarem mais humanos, pró-ativos e menos
tecnicistas.
Na era digital é preciso que a informação seja encontrada
com precisão e eficiência, avaliada e disseminada para os que precisam e assim,
absorvida e compreendida, se tornar conhecimento. Este é o caminho traçado com
qualidade e eficiência e só assim, haverá progresso e evolução, porque
informação compreendida e disseminada é poder adquirido.
Informação estagnada, apertada em prateleiras de estantes,
onde o público não é cativado e incentivado para consultar não serve para nada.
Somado a isso se o profissional também não tem carisma e amor pelo que faz, a
única coisa que se conseguirá transmitir é o vazio da ignorância.
O conhecimento que vem pelo domínio da leitura é uma arma
poderosa e invencível, contra o analfabetismo, contra a ignorância, contra a
falta de perspectivas e principalmente contra a falta de esperança num futuro
melhor, mais digno.
O professor que lê, será um bom formador de leitores, pais
que leem formam filhos leitores, um governante que lê e valoriza a leitura, com
certeza está se preocupando com o futuro das suas crianças. Um Bibliotecário
que trabalha com o coração e se empenha na busca por uma biblioteca eficiente e
ativa está trabalhando em prol do progresso, pois um povo leitor, certamente
será mais esclarecido, mais crítico e menos manipulável, consequentemente, mais
iluminado.
A luz que brilha nas mãos dos Bibliotecários, precisa ser
mais forte e mais ardente, caso contrário se tornará só uma vela , fraca e sem
brilho, no fundo de um túnel escuro e sem volta.
(Texto publicado na Tribuna Livre do Jornal A Tribuna do dia 10/12/2010)
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